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Nome é um negócio importante. Diante de tantos estrangeirismos, deparar-se com uma palavra em portugês no letreiro (escrito a mão) de uma - quem diga - cervejaria, é de dar orgulho de ser escolarizado em português. Cotovelo pode significar inúmeras coisas, mas para Raphael Vidal é a raiz da sua história com a boemia. “É o que a gente encosta no balcão, porque na mesa é falta de educação”, brinca, entre risos e brindes durante a inauguração da sua primeira casa do ramo de chopes. A verdadeira origem do nome, conta Vidal, é uma homenagem ao então proprietário do Bar Luiz, talvez o primeiro CEP a servir chope no Rio. “Ele fazia queda de braços valendo chope, para popularizar a bebida.”

E de queda de braços, o Rapha entende bem, depois de elevar o Casa Porto de centro cultural a restaurante midiático, abrir o Bafo da Prainha e entrar no trending topics da Time Out, colocar o restaurante Dois de Fevereiro servindo comida de axé de pé e se lançar a preparos a lenha no Capiau, o empresário e produtor abre seu primeiro ponto com ar-condicionado, banheiro para cadeirantes e com foco no chope. Mais carioca? Impossível!
Já são cinco cervejarias funcionando na chamada Rua da Cerveja anunciada pelo prefeito Eduardo Paes para dar um levante na Rua da Carioca. Curiosamente, é mais uma unidade sob o comando de Raphael Vidal num largo. Depois de Largo São Francisco da Prainha (Porto, Bafo e Dois) e Santa Rita (Capiau), ele chega ao Largo da Carioca. Alguém arrisca uma queda de braços com ele?

Na Cotovelo, são duas cervejarias do estado: uma de Búzios (da engenheira química Vera Rodrigues com o marido) e a carioca Tio Ruy, instalada no UpTown, mercado de produtores da zona oeste, onde o carioquíssimo Ceviche da Fabi (de primeiríssima!!!) deixou os peruanos sob alerta. São várias torneiras, mas todo o líquido sai numa caldereta customizada. A partir de R$ 9,90. O cenário é lindo, ladrilho hidráulico do século 19 ("removemos três camadas de piso para chegar ao original"), balcão de mármore do lado de fora (para soltar o cotovelo) e nada de neon. "Queria uma estética que remetesse a um espaço que sempre existiu desta forma, nada além disso", me disse Rapha.
O chef Tchelo Barreto (ex-Liga dos Botecos) só manda receitas feitas com cerveja. Do trio de croquete de costela na IPA (R$ 24) a Costela à Zicartola (“Colocamos cerveja preta na receita de Dona Zica pro Zicartola da rua da Carioca, fechado desde 1965”; R$ 59), passando pela barriga do porco em homenagem a Piolho, um dos primeiros moradores da rua. Num espaço em que o nome conta história todo o restante é história. E das boas…
Onde: Rua da Carioca, 21, Centro.