Fiel zelador de uma cópia da sexta edição, corrigida e aumentada, do Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora, em transumância desde 1991, deu-se às letras por livre e devota vontade – mas não por convicção. À falta de habilidade para futebolista e para rock star, optou por comprar bilhete para a fila da frente. Entre outras aventuras, trabalhou no jornal A Bola e, mais demoradamente, no Público, onde foi editor e certa vez publicou uma crónica sobre o super-herói pop Rui Reininho, o que o levou à escrita do livro GNR – Onde Nem a Beladona Cresce. É esse o seu nível de compromisso. Chegou à Time Out em 2018 e aqui empresta a sua pronúncia do Norte ao noticiário de Lisboa e a escrever sobre música, cinema, televisão e teatro. Na gastronomia, é um entusiasta dos clássicos: cabidelas, rojões e farinheiras.

Hugo Torres

Hugo Torres

Director-adjunto, Time Out Portugal

Articles (105)

Restaurantes abertos no dia 1 de Janeiro em Lisboa

Restaurantes abertos no dia 1 de Janeiro em Lisboa

Procurar uma agulha num palheiro. É muito provável, quase de certezinha, que a expressão não tenha sido dita pela primeira vez para descrever a situação de madrugadores esfomeados no primeiro dia do ano – mas assenta-lhe que nem uma luva. É que, quando está meio mundo a ressacar das festas de passagem de ano, encontrar mesa é toda uma aventura. Para evitar aquele desespero de última hora, aqui tem duas mãos-cheias de restaurantes abertos a 1 de Janeiro de 2026 em Lisboa, de brunches a mariscadas. Convém é fazer reserva, para evitar dissabores. Recomendado: Os melhores jantares de passagem de ano em Lisboa
O melhor de Lisboa em 2025

O melhor de Lisboa em 2025

A pós-modernidade está inundada de cinismo (e vocês não estão a ajudar, gen Z). Houve alguma coisa de bom este ano? O exercício é recebido com caras de dúvida. Ocorrem-nos amarguras, inferenças. Quais foram os melhores concertos? “Foram todos maus.” Mas é claro que não foram. E é claro que, enquanto o diabo do sarcasmo esfrega um olho, começamos a desfiar um rol de novidades e eventos que nos ficaram na memória pelas melhores razões. Tantas que o problema inverte-se: não dá para escolhermos mais do que um por categoria? E mais categorias? “Não me venham com menções honrosas!” É preciso escolher – e nisso a equipa da Time Out tem muita prática. Mãos à obra, então: eis o melhor de Lisboa em 2025. Recomendado: Os melhores filmes de 2025
Seis restaurantes que aceitam encomendas de Natal

Seis restaurantes que aceitam encomendas de Natal

Sabe bem ter a mesa da Consoada apetrechada, mas nem sempre apetece pôr o avental e suar à frente do fogão. Se é o caso, não há razão para abdicar do bacalhau, do peru, do cabrito ou das rabanadas. Felizmente, há cada vez mais restaurantes que aceitam encomendas de Natal – e com isso ajudam-nos a fazer um brilharete em casa. Tire proveito dos serviços natalícios de take-away e de entrega ao domicílio com os menus especiais criados para a quadra. O máximo de trabalho que pode ter é ir ao restaurante buscar a encomenda e empratar em casa. Recomendado: Cabazes para oferecer este Natal
Comer, beber e conviver: restaurantes com mesas comunitárias em Lisboa

Comer, beber e conviver: restaurantes com mesas comunitárias em Lisboa

É à mesa que se cozinham verdadeiras amizades: os amigos tornam-se melhores amigos, os conhecidos vão ganhando espaço nos nossos corações e os desconhecidos têm a sua prova de fogo (se falharem, adeus). Todos os restaurantes são bons para esse exercício de irmandade gastronómica, mas nesta lista encontra aqueles que promovem sobretudo a partilha de uma mesa comum entre pessoas que nunca se viram na vida. Além da boa comida, oferecem-nos uma oportunidade para fazer novos amigos na vida real – e isso, na era digital, é ouro. Eis os melhores restaurantes com mesas comunitárias em Lisboa e arredores. Recomendado: Os melhores restaurantes para jantares de grupo em Lisboa
Os melhores restaurantes em Benfica

Os melhores restaurantes em Benfica

Apesar de todas as transformações na zona, Benfica continua a ser um bairro tradicional, onde é possível conhecer e tratar os vizinhos pelo nome. Há restaurantes que resistem há décadas e se tornaram destino por si. Mas também há novidades do mundo e propostas contemporâneas. Nestes restaurantes em Benfica, há acima de tudo lugar para toda a família, mesmo para quem não mora no bairro. Pizza, marisco, peixe ou carne? Não procure mais. O que não pode é esquecer-se de reservar porque há restaurantes onde é sempre difícil ter mesa. Recomendado: Os melhores novos restaurantes em Lisboa (e arredores)
15 séries de terror que metem medo ao susto

15 séries de terror que metem medo ao susto

O dicionário diz-nos que terror é sinónimo de grande medo, de pavor e de pânico. Infelizmente é um conceito presente na vida real, mas por outro lado, e felizmente, é um género literário e também cinematográfico em que podemos testar alguns limites emocionais (e, por vezes, estomacais). Há bem mais do que duas mãos cheias de séries no streaming em que o terror é a palavra de ordem, seja causado por fantasmas, monstros ou apenas pessoas horríveis. Para este apanhado terrorífico, escolhemos 15 séries de terror que podem ser encontradas em vários serviços de streaming disponíveis em Portugal. Tenha medo, muito medo. Relacionado: As estrelas do cinema e da televisão que morreram até agora em 2024
Os melhores novos restaurantes em Lisboa (e arredores)

Os melhores novos restaurantes em Lisboa (e arredores)

As novidades multiplicam-se de tal forma que, quando descobrimos os restaurantes que abriram nos últimos meses, já temos novas mesas à nossa espera. Entre os espaços que ainda cheiram a novo há lugar para a alta-cozinha, para aproximações às culinárias asiáticas, a Marrocos, a Espanha, e até à Palestina, estéticas inspiradoras e, claro, para a moda das sandes e dos smash burgers, sem esquecer a comida portuguesa de autor. Preparámos um guia com os melhores novos restaurantes em Lisboa e arredores, abertos nos últimos meses. Não fique desactualizado e faça uma reserva – tem muito por onde escolher.  Recomendado: Os 124 melhores restaurantes em Lisboa
As melhores séries da Apple TV+

As melhores séries da Apple TV+

A Apple TV+ é um serviço de streaming com um catálogo limitado, mas ao contrário do que possa parecer isso não é uma desvantagem. Em época de abundância, os espectadores encontram aqui um porto seguro, que tenta ter uma oferta mais apostada na qualidade do que na quantidade. O foco são as produções originais, que a pouco e pouco vão tornando o serviço incontornável para quem gosta de boa televisão. Há de tudo, das séries de grande orçamento (destaque para Mestres do Ar) às sitcoms surpreendentes (olá, Ted Lasso), da ficção científica (ponto extra por Dark Matter) às séries documentais de fôlego (1971: The Year That Music Changed Everything é uma pérola). Feitas as contas, há 20 séries da Apple TV+ que tem de ver. Relacionado: As 30 melhores séries na Netflix
‘Sandman’, ‘Poker Face’ e mais séries para ver em Julho

‘Sandman’, ‘Poker Face’ e mais séries para ver em Julho

É Verão e o sofá é quente. É dentro de casa. Sufocante. A época estival é mais dada a esplanadas, piscinas, praias e mergulhos. E no entanto o sofá, traído, lá nos espera no lar, doce lar, para o inevitável regresso. Na volta, o sofá (que neste texto tem vontade própria) terá um astuto plano de sedução, com outra parelha de actividades imbatível: descanso e séries de televisão. Vamos claudicar. Em Julho, as diferentes plataformas de streaming têm novidades bastantes para preencher o mês inteiro – mas como somos comedidos, para não tirar tempo ao ar livre, optámos por escolher apenas dez. Dez séries para ver em Julho. Parece-nos equilibrado. Recomendado: As 30 melhores séries na Netflix
As melhores séries para ver na Filmin

As melhores séries para ver na Filmin

O serviço de streaming e video on demand espanhol chegou a Portugal em 2016, quase uma década após ter nascido, munido de cinema independente e grandes clássicos da sétima arte. Mas aqui falamos de séries, num catálogo que também tem uma curadoria muito particular na selecção de produções em série, vindas dos quatro cantos do mundo, de criadores consagrados às mais jovens promessas. São muitos os tesouros que os verdadeiros cinéfilos aqui podem encontrar, num dos catálogos mais independentes (e por vezes supreendente) do streaming disponível em Portugal. Eis as melhores séries da Filmin. Recomendado: As 20 melhores séries na Max para ver agora
As 20 melhores séries para ver no SkyShowtime

As 20 melhores séries para ver no SkyShowtime

Com um rico cardápio de séries e filmes, prontos a fazer concorrência a outros serviços por cá instalados, o SkyShowtime chegou a Portugal em 2022 com conteúdos que trazem a marca dos estúdios Universal Pictures, da Paramount Pictures e da DreamWorks Animation, das redes televisivas Nickelodeon e Showtime, dos serviços de streaming norte-americanos Paramount+ e Peacock (NBC) e, claro, da produtora Sky Studios. Uma concorrência de peso aos poderes instalados em Portugal de outros gigantes do streaming, como a Netflix, a Disney+, a Prime Video ou a Max. Conheça 20 melhores séries que estão disponíveis no catálogo. Recomendado: As 30 melhores séries na Netflix
As 20 melhores séries no Disney+

As 20 melhores séries no Disney+

O Disney+ tornou-se, em tempo recorde, um dos serviços de streaming com mais subscritores no mundo. Casa da Fox, da National Geographic e da Lucasfilm, além das produções da Disney, da Pixar e da Marvel, tem um catálogo cada vez mais diversificado. E a nova área de entretenimento Star trouxe dezenas de séries (e filmes) para a plataforma. É certo que também por aqui se encontram clássicos como Ficheiros Secretos, Segurança Nacional, Perdidos ou PatoAventuras (sim, Ducktales, uh-uh). Mas é preciso avançar. Eis as 20 melhores séries para ver no Disney+ agora. Recomendado: As 10 melhores séries de 2024

Listings and reviews (18)

NOS Alive

NOS Alive

Arcade Fire, Dua Lipa and Pearl Jam lead the 16th edition of NOS Alive, returning to Passeio Marítimo de Algés on July 11, 12 and 13. Supporting acts include Smashing Pumpkins, Tyla and Sum 41, but it’s worth delving beyond the headline acts, especially as The Breeders celebrate 30 years of their classic album Last Splash. Our guide ensures you won’t miss a thing, big or small. Check out the full lineup below.  Concert Schedules July 11th NOS Stage - 6:30 PM: Nothing But Thieves - 8:00 PM: Benjamin Clementine - 9:50 PM: The Smashing Pumpkins - 12:00 AM: Arcade Fire Heineken Stage - 5:00 PM: Mazela - 5:50 PM: Unknown Mortal Orchestra - 7:15 PM: Kenya Grace - 8:40 PM: Black Pumas - 10:50 PM: Parcels - 1:30 AM: Jessie Ware - 3:00 AM: Moullinex ▲ GPU Panic WTF Clubbing - 5:00 PM: Conhecido João - 6:00 PM: Silly - 7:20 PM: Conjunto Corona - 8:50 PM: Bateu Matou - 10:10 PM: Zengxrl - 11:20 PM: Awen b2b Djeff b2b Xinobi - 1:30 AM: Me b2b Trikk - 3:00 AM: Fresko bsb Vallechi Bandstand - 5:30 PM: Inês Apenas - 6:50 PM: Tipo - 8:00 PM: João Não & Lil Noon - 9:50 PM: Ricardo Crávidá - 12:00 AM: Quant Fado Café - 5:15 PM: Francisco Moreira - 6:35 PM: Francisco Moreira - 8:05 PM: Maria Emília - 9:30 PM: Maria Emília - 11:30 PM: O Samba É 1 Só Comedy Stage - 5:00 PM: Mariana Rosária - 5:15 PM: Eduardo Marques - 5:30 PM: Pedro Sousa - 6:00 PM: Rui Xará - 7:30 PM: Carlos Vidal - 9:10 PM: Beatriz Gosta - 11:20 PM: Gilmário Vemba Portico - 3:00 PM: P'laguita - 4:15 PM: P'laguita - 5:30 PM: Tri
Rock in Rio Lisboa

Rock in Rio Lisboa

O Rock in Rio Lisboa está de regresso e em modo festa de aniversário: esta edição marca os 20 anos da versão portuguesa do maior festival do Brasil. Em 2024, tal como é habitual, a programação divide-se por dois fins-de-semana, o primeiro a 15 e 16 de Junho, o segundo a 22 e 23 do mesmo mês. Scorpions, Evanescence, Ed Sheeran, Jonas Brothers, James, Camila Cabello e Doja Cat são os cabeças-de-cartaz. Ivete Sangalo não falta, não podia faltar. Tal como um leque alargado de artistas portugueses, de Carolina Deslandes e Fernando Daniel a Ornatos Violeta e Peste & Sida. E há concertos que, mesmo sendo de bandas de covers, são muito aguardados: os Hybrid Theory, que se dedica ao legado dos Linkin Park, e Mamonas Assassinas – O Legado (leia a entrevista ao vocalista). “All in Rio” é o mote deste ano, em que o festival se muda para o Parque Tejo. É um festival para todos e é por isso que, além dos concertos, não faltam uma roda gigante, um slide e uma Rock Street necessariamente transfigurada. O All Experience, o ESC Online Sports Bar, o School of Rock CineStage, a Somersby Cupido House, a Rota 85 ou o Chef’s Garden Continente são outros dos espaços que encontra no recinto. Para aproveitar a experiência ao máximo, criámos um guia completo para o Rock in Rio Lisboa. Está tudo aqui abaixo. Bilhetes: quanto custam e onde comprar Os bilhetes estão à venda no site do Rock in Rio Lisboa e na Worten, e custam entre 84€ (diário), 147€ (passe fim-de-semana) e 360€ (VIP diário). Para o primei
Lumi

Lumi

Luís Antunes e José Miguel Pereira sonharam juntos este projecto e fizeram nascer a Lumi Geladaria no coração de Benfica. Os sabores são muitos e variam consoante o que a oferta de frutas que a dupla vai encontrando diariamente no mercado do bairro. Há gelados de leite e sorvetes, que são gelados de fruta com base de água. Estes últimos são vegan. “Não têm nenhum derivado de animal”, assegura Luís. O destaque vai, no entanto, para o “sabor de infância”, uma mistura de sumo de laranja, banana esmagada e bolacha Maria que está sempre na carta. Isto para humanos. Porque os cães também são servidos – com o “patudo”, um gelado adequado para cães, de avelã sem açúcar. Mas a Lumi não se resume a gelados – que são servidos em copo ou cone. Há bolos, brownies, waffles, crepes, batidos, sumos naturais e uma oferta cafetaria que vai do café bio ao chocolate quente. Também tem brunch, em versão normal e veggie, com quiches, panquecas, gelado com granola e fruta, sumo natural e um café com sobremesa gelada. + Na Lumi, os gelados são servidos em copo, cone ou brunch
O Filme do Bruno Aleixo

O Filme do Bruno Aleixo

3 out of 5 stars
A estreia no cinema do sexagenário urso-cão mais famoso das Beiras é um absurdo. Embora não o completo e espertalhão absurdo por que ansiávamos. Quem estava a salivar por hora e meia de sitcom focada em conversas do quotidiano, chocarrice saloia pontuada por silêncios desconfortáveis e pequenos embustes, terá de recalibrar as expectativas. O Filme do Bruno Aleixo começa com o protagonista coimbrão (com ascendência na Bairrada e no Brasil) a revelar ter sido contactado por “um homem que tem uma empresa que faz filmes” – Luís Urbano, da O Som e a Fúria, que já tinha produzido as séries “Aleixo Psi” e “Copa Aleixo” –, que o desafiou a rodar uma biografia sua para o grande ecrã. E Aleixo convoca a grupeta do costume – Homem do Bussaco, Renato Alexandre e Busto – para o ajudar a ter uma proposta para apresentar... no último dia do prazo. O que nos é apresentado é a conversa de café que resulta daí, com a representação, por actores de carne e osso – Adriano Luz, Rogério Samora, Manuel Mozos, Gonçalo Waddington, José Raposo, João Lagarto –, das ideias que vão surgindo. Tem graça, claro. E uma das premissas da interacção entre estas personagens, a de que os diálogos são circulares e que o ponto de partida interessa pouco, é respeitada. Mas se os criadores João Moreira e Pedro Santo constroem este filme em cima do conhecimento prévio deste universo, também sentiram necessidade de se afastarem dele para garantir acção, dando demasiado espaço ao live action. Já deveriam saber que um bom
Bostofrio

Bostofrio

2 out of 5 stars
Filho de pai incógnito é uma condição que a lei portuguesa prevê, desde 1977, apenas para casos excepcionais. Mesmo assim, é uma realidade que persiste: em 2010, existiam 150 mil nessas condições, e o número de registos anuais tem aumentado. O pai de Paulo Carneiro, que aqui se estreia na realização, é um deles. E o propósito deste documentário é uma busca por respostas, por histórias e até por uma simples fotografia que o ajudem a conhecer o avô, que só é incógnito no papel – na aldeia barrosã de Bostofrio, 30 habitantes, toda a gente sabe quem foi, como foi, o que aconteceu. Carneiro (Lisboa, 1990) passou por dificuldades para fazer este filme, não em quebrar a “lei do silêncio”, como quer fazer crer, mas em ganhar a confiança daquela gente simples, intimidada pela câmara e por inquirições delicadas. Esse processo ficaria bem fora do filme. Seria igualmente vantajoso que preparasse as entrevistas, para evitar ser errático, repetitivo e disfarçar o mau jeito. Descontando redundâncias narrativas e as bucólicas paisagens transmontanas, sobra pouco. É aí, e não no plano técnico, que se sente a falta de meios: seria necessária outra dedicação para alcançar o resultado pretendido. O documentário é exibido em conjunto com a curta Cinzas e Brasas, de Manuel Mozos. Por Hugo Torres
Skin - História Proibida

Skin - História Proibida

3 out of 5 stars
Bryon Widner é um supremacista branco numa encruzilhada: depois de participar no espancamento de um jovem negro durante uma manifestação, o brutamontes, venerado entre pares, começa a duvidar do caminho da violência. Skin passa-se no Ohio, em 2009, e é baseado em factos reais. Bryon não é só uma personagem – é alguém que decidiu sair do movimento neonazi, penou para o conseguir (com a ajuda de um activista negro), agiu como denunciante para o FBI, e passou dois anos em dolorosas cirurgias para remover as tatuagens iconográficas do rosto. O filme tem pontos de contacto com a curta-metragem homónima com que o realizador Guy Nattiv, de origem israelita, ganhou um Óscar. Mas a longa demora-se no recrutamento, nas batalhas fratricidas e no romance que o mantém à tona. Nattiv optou por se aproximar do monstro para tentar compreendê-lo. Não é o mesmo retrato cru e impiedoso deste tipo de marginalidade. O que retira pujança à narrativa, mas oferece a excelente Vera Farmiga ao elenco. Por Hugo Torres
Avenida Almirante Reis em 3 andamentos

Avenida Almirante Reis em 3 andamentos

1 out of 5 stars
Lisboa tem poucas avenidas tão ricas, com gente de tantas proveniências, extractos sociais e projectos de
vida. É uma fonte virtualmente inesgotável de histórias e leituras da sua angulosa realidade, de leituras longitudinais ou trabalhos menos densos. É por isso frustrante ver Avenida Almirante Reis em 3 Andamentos esconder a sua inépcia atrás de um título pomposo e da paciente bondade com que a cinefilia classifica este tipo de projecto: “filme- ensaio”. Um ensaio pressupõe explorar uma ideia, um bem escasso por estas paragens. Recuando a Cândido dos Reis e à República, passando pelo 1.o de Maio de 1974, Renata Sancho propõe-se olhar para as mudanças em curso nesta avenida (a rodagem decorreu entre 2016 e 2018, quando os preços do imobiliário dispararam). Mas o resultado é uma sequência de planos desconexos, sem interesse nem narrativa, que parece feita só para iniciados. E sabe deus que interesse encontrarão esses por aqui. Por Hugo Torres
Santiago, Italia

Santiago, Italia

3 out of 5 stars
As “geringonças” sinistras não são uma originalidade portuguesa. Em 1970, Salvador Allende congregou quase toda a esquerda chilena na candidatura presidencial que o levou ao poder, com o apoio essencial dos democratas-cristãos. Socialistas, sociais-democratas, comunistas e outros marxistas tomaram La Moneda pela via democrática, um feito extraordinário em tempo de golpes e revoluções, e em plena Guerra Fria, que gerou entusiasmo no país e
 um alarmismo despeitado em Washington. Entendendo que era preciso impedir que a experiência fizesse escola, o nefasto Richard Nixon pôs a CIA em campo para precipitar a queda do governo, o que acabou por acontecer de forma trágica a 11 de Setembro de 1973. Neste regresso ao documentário, Nanni Moretti começa por mostrar o ambiente de festa que se seguiu à eleição, passa às divergências no seio da coligação e, quando damos por nós, já os militares saíram à rua para “restaurar” a democracia, bombardeando a capital, Santiago, e instaurar uma ditadura que durou até 1990. Allende suicida-se. Pinochet, o general que comanda as tropas, ordena a perseguição imediata
 de esquerdistas mais activos, que encontram na diplomacia italiana um refúgio e a possibilidade de uma nova vida, na Europa, ao contrário do que acontece com os migrantes do Mediterrâneo hoje. E é aqui que o realizador italiano quer chegar: a intenção nunca foi abordar aqueles anos de sonho materializado, que até inspiraram o “compromisso histórico” da política italiana nos anos 1970.
Onde Está Você, João Gilberto?

Onde Está Você, João Gilberto?

“Porquê tentar encontrar um homem que não quer ser encontrado?” O realizador franco-suíço Georges Gachot faz a pergunta e dá a resposta com o documentário João Gilberto, Onde Está Você?, que se estreia neste sábado no Cinema Monumental. É um enamoramento, uma obsessão feita policial, que nos leva no encalço do pai da bossa nova. João Gilberto, recentemente desaparecido, aos 88 anos, passou a derradeira fase da sua vida em reclusão doméstica, longe dos palcos e de quaisquer olhares indiscretos. Rever o cantor e compositor era, por isso, um desejo acalentado por fãs, amigos e jornalistas. Nenhum dos quais foi bem-sucedido nesse desígnio. Gachot – que tem uma filmografia recheada de música brasileira, tendo se debruçado sobre Maria Bethânia (Música é Perfume, 2005), Nana Caymmi (Rio Sonata, 2010) e Martinho da Vila (O Samba, 2014) – foi para o Rio de Janeiro seguir os passos do jornalista alemão Marc Fischer, que ali passou cinco semanas a tentar cruzar-se com João Gilberto, para que este lhe cantasse ao violão, e à sua frente, “Ho-ba-la-lá”. O tema tinha-lhe sido dado a ouvir por um japonês, anos antes, servindo de porta de entrada à bossa nova e a uma paixão ímpar pelo seu autor. Fischer falhou o objectivo, mas descreveu o processo em Ho-ba-la-lá – À Procura de João Gilberto, suicidando-se pouco antes do lançamento do livro, em 2011. Miúcha, João Donato, Marcos Valle e Roberto Menescal são entrevistados no filme, tal como o barbeiro que atendia o compositor baiano em casa e o
Aperta Aperta Com Elas

Aperta Aperta Com Elas

2 out of 5 stars
Uma pequena e alva aldeia no cantão suíço dos Grisões vive uma ilusão: a normalidade dos casais, dos filhos, dos bolinhos, dos ajuntamentos de vizinhos e das missas dominicais esconde uma paz podre que vai deixar esta comunidade à beira do precipício. O catalisador é a chegada de um forasteiro no lugar onde ele é menos esperado: o púlpito da igreja. A diocese destaca para ali um pároco indiano com uma mensagem mais cristã do que a hierarquia católica gostaria, centrada no amor. Não só o amor etéreo: o padre Sharma aconselha o seu rebanho sobre o amor executado entre lençóis. Se no início é recebido com desconfiança racista, quando os homens descobrem as mulheres de Kama Sutra na mão, tentam afastá-lo para camuflar infidelidades, inseguranças e impotências. O filme de Christoph Schaub não cria o clima de tensão que uma história destas teria numa aldeia remota, nem funciona como a comédia que se anuncia (o mais hilariante da fita é o título em português). Salva-se a possibilidade de ouvirmos diálogos em romanche, uma língua em risco de extinção. Por Hugo Torres
Linhas Tortas

Linhas Tortas

2 out of 5 stars
Luísa é uma jovem e bela actriz. Acaba de regressar a Lisboa, tendo importado de Londres uma relação infeliz. António é um arguto e reconhecido escritor, que assina uma celebrada coluna de jornal: “Linhas Tortas”. É casado, tem um filho da idade de Luísa, e conhecemo-lo quando se estreia a fazer figura “de parvo” como comentador na televisão. São ambos utilizadores de redes sociais – ela descontraidamente, nos intervalos do dia; ele à noite, no escritório de casa, com um copo de uísque a acompanhar. É nesse ambiente virtual, em que António se esconde atrás do nome e da imagem do místico russo Grigori Rasputin, que se cruzam e inevitavelmente se enamoram. Após hesitações várias, decidem encontrar-se. O que não chega a acontecer: António sofre um acidente de viação, perde parcialmente a memória e fica hospitalizado por muito tempo. Rita Nunes, que se estreou em 1996 com a temperamental e homicida curta-metragem Menos Nove, e tem vindo a trabalhar em publicidade e televisão, trouxe para a sua primeira longa-metragem parte do elenco da série Madre Paula, que co-realizou para a RTP em 2017: Joana Ribeiro (Luísa), Maria Leite (amiga de Luísa), Miguel Nunes (filho de António) e Joana Pais de Brito; aos quais se juntaram Américo Silva (António) e Ana Padrão (mulher de António). Os actores estão tão bem quanto lhes permite o argumento, que Carmo Afonso, uma das contribuintes líquidas do Twitter português, escreveu. Sem espaço nem tempo para se desenvolverem, as personagens avançam por
Quero-te Tanto!

Quero-te Tanto!

1 out of 5 stars
Vicente Alves do Ó faria bem em levar a comédia a sério. Quero-te Tanto não é um filme,
 é um passeio da fama para actores de telenovela,
 a desfilar no nível rasteiro a que anseiam ver os
 seus nomes encastrados numa rua qualquer. Personificam bonecos de cartão que não chegam
 a ser personagens, a ter espessura, vieses, sofisticação. O realizador dirá que estamos diante de uma rom-com ostensivamente cartunesca, mas nada justifica o texto preguiçoso, as caricaturas toscas, os estereótipos simplórios, as graçolas em esboço. Os protagonistas, Mia (Benedita Pereira) e Pepê (Pedro Teixeira), estão numa encruzilhada familiar, entre a alegria do filho que vem e a angústia do dinheiro que falta. O casal decide roubar “rapidinhas da sorte”, do interior da estátua do Marquês de Pombal, e acaba detido, julgado e encarcerado. Até que ele foge da prisão para se reencontrar com a amada em Serpa, recorrendo a ajudas voluntárias 
e involuntárias (incluindo de uma jornalista cujas boas intenções são abocanhadas pela voracidade inescrupulosa da estação para que trabalha, a 
TVI, que co-produz o filme e nos entra pelos olhos dentro). No seu encalço leva os agentes Coelho e Raposo, interpretados por Pedro Lacerda e Joana Manuel ao estilo Jacques Clouseau, cujas aparições são raríssimos momentos de oxigénio na fita. Dalila Carmo e Rui Mendes também merecem apreço, em contraste com as desaustinadas Alexandra Lencastre e Fernanda Serrano. A banda sonora – Doce, Paião, Cid, Sheiks – atinge o zénite

News (509)

Quando cai a noite na cidade, esta casa de sandes dá lugar a um izakaya – até ser dia

Quando cai a noite na cidade, esta casa de sandes dá lugar a um izakaya – até ser dia

A ideia estava a germinar há algum tempo. Despontou em Julho, cresceu durante o Verão e agora está a ganhar o seu espaço. Apaixonado pela gastronomia japonesa, Matheus Simões Martins tinha a seu cargo o Boubou’s Sandwich Club e vinha conversando com Louise Bourrat e os restantes sócios sobre transformar aquela mesma casa do Príncipe Real num izakaya. Não para fazer desaparecer as sandes, mas para alternar entre ambos os conceitos. Um izakaya não funciona durante o dia, as sandes não funcionavam à noite. Em Março, aproveitando o entusiasmo de uma viagem ao Japão, Matheus sugeriu que o momento de avançar era aquele. Concordaram, avançaram. E chamaram-lhe After Dark. O espaço é mínimo, como uma verdadeira taberna japonesa: dois balcões, uma dezena de lugares. Para acomodar os dois projectos, teve de ser ligeiramente repensado. Lembra-se das caixas de sandes por cima do balcão? Agora estão lá fermentados. Lembra-se das mesinhas altas junto à parede? Agora está lá o segundo balcão. Lembra-se do néon do Boubou’s Sandwich Club? Bom, isso continua no sítio de sempre, embora fossemos capazes de jurar que está mais avermelhado, para condizer com as típicas lanternas japonesas que são penduradas à porta quando o After Dark entra em acção, às 19.00 de terça-feira a sábado (o Sandwich Club abre de quinta a segunda-feira, das 12.00 às 18.00). Cecile LopesMatheus Simões Martins Matheus Simões Martins, 31 anos, é um frequentador de longa data dos sabores japoneses. Nado e criado em São Pau
Filas para quê? Agora pode encomendar Pastéis de Belém para casa

Filas para quê? Agora pode encomendar Pastéis de Belém para casa

Os Pastéis de Belém são a mais quentinha novidade da Glovo. A plataforma anunciou esta segunda-feira que a histórica pastelaria de Lisboa, que por muitos alargamentos que opere tem sempre fila à porta, está agora disponível para entregas ao domicílio (ou a qualquer outro sítio, na verdade). Há caixas de seis pastéis ou de 50 (10€ e 80€, respectivamente) – e pouco mais. Nesta modalidade, a oferta da casa é reduzida. Para aproveitar a época, é possível pedir ainda bolo-rei (25€, 750 gramas) e marmelada (10€, 870 gramas), ponto. Não vale a pena fazer de conta: são os pastéis de nata – perdão, de Belém – que vão fazer movimentar motas e motoretas pela cidade. Aliás, já fazem. Apesar de só agora a Glovo o ter comunicado oficialmente, a loja fundada em 1837 já está na plataforma desde o dia 9 de Dezembro – há uma semana. E neste período de lançamento está tudo com 30% de desconto. Portanto, uma caixa de seis fica a 7€ e uma de 50 a 56€. Acresce sempre, com ou sem desconto, entre 0,49€ e 2,49€ do serviço de estafeta, dependendo da distância. As zonas abrangidas pelo serviço não incluem toda a cidade de Lisboa. Freguesias mais longínquas, a oriente – São Vicente, Penha de França, Beato, Marvila, Parque das Nações, Olivais, Santa Clara ou Alvalade –, estão fora do raio de entregas. No limite estão o centro de Lisboa até ao Saldanha, Carnide e Telheiras. Já as freguesias circundantes à loja estão garantidas – são os casos de Belém, Alcântara, Ajuda, Benfica, Estrela ou Campo de Ourique
Sushi no Ryōshi! Os pedidos eram tantos que Lucas Azevedo não os podia ignorar

Sushi no Ryōshi! Os pedidos eram tantos que Lucas Azevedo não os podia ignorar

O Ryōshi é um restaurante descontraído. Mal entramos, há uma triangulação que nos situa: o grande balcão, com o chef Lucas Azevedo a desdobrar-se em preparações, indicações e conversas com os clientes; a música alta, a pedir ouvintes assim mais… maduros; e o néon que anuncia que o “omakase está morto”. Se um Gen Z-er ficaria com aquela cara de não estar impressionado, um millennial ou um X-er ficam imediatamente a sentir-se em casa. Mas há um problema: esta gente chega aqui com memória. O Ryōshi não é o primeiro restaurante japonês aonde vão. Muitos passaram antes pelo Bonsai ou pela barra do Praia no Parque e lembram-se bem do que Lucas Azevedo sabe fazer com peixe fresco. Quando abriu o Ryōshi, no ano passado, o chef disse à Time Out que queria desmistificar “a ideia de que um restaurante japonês é sushi e come-se só peixe cru”. Queria também que o Ryōshi fosse propositadamente indefinido, sem rótulos. “Queria um restaurante que fosse divertido, que tivesse comida do dia-a-dia”, disse então. A provocação no néon vem daí. Um omakase é um sítio formal, com menus de degustação completamente a cargo do chef. Shin Koike, que trabalhou com Lucas Azevedo no Brasil, há mais de 20 anos, ainda agora abriu um em Picoas – o MITSU. Não é caso único. E o Ryōshi foi criado mesmo com a ideia de não compartimentalizar a cozinha japonesa. O omakase morreu, viva a escolha à carta! Salvador ColaçoSashimi de sarrajão Acontece que o problema é mesmo esse. Se os clientes têm escolha, têm opiniõ
Blade. O novo restaurante de carne do Cais do Sodré é todo pipoca

Blade. O novo restaurante de carne do Cais do Sodré é todo pipoca

Tanto sangue e nenhum vampiro à vista. Quando entramos no Blade, mais do que nos comics, é em Wesley Snipes que estamos a pensar, no seu glorioso anti-herói de óculos escuros à noite, espada à cinta e semi-automática na mão. “Vês aqueles valets ali? São vampiros. O porteiro também é.” Como é que ele sabe? “A maneira como eles se mexem, como cheiram.” Mas aqui ninguém parece andar de forma suspeita, nem o ar está carregado de odores peculiares. O que de certa maneira é uma pena, sobretudo para saudosistas dos filmes de acção dos anos 1990. Por outro lado, não há balas de prata a cruzar o espaço, o que é bem-vindo para uma refeição sossegada e bem digerida. Não há cenários perfeitos. E se é verdade que o Blade não investe na cinefilia, o facto é que procura ser popular por outra via. Instalado no Cais do Sodré – que, para manter a imagem vampiresca, vamos apelidar de aorta do turismo lisboeta –, este novo restaurante aposta numa carta de prato único, servindo-o com qualidade e a bom preço. Dito desta forma, é assim meio genérico. No entanto, se dissermos que se trata de um bife de 180 gramas, mal-passado, suculento, trinchado, e que o valor é 10€, fica tudo muito mais nítido. E não, não estamos numa tasca. Não há inox à vista e cada detalhe mereceu atenção redobrada. Os azulejos e os sofás vermelhos, as madeiras, os tons quentes, a iluminação baixa.  “Aquilo em que acreditamos é que poder comer um bom bife e uma boa carne não deve ser algo acessível a uma pouca quantidade de pe
Consegue comer um hambúrguer por dia? A Taste Invaders quer dar-lhe uma palavrinha

Consegue comer um hambúrguer por dia? A Taste Invaders quer dar-lhe uma palavrinha

O hambúrguer fechado, em formato de nave espacial, é a imagem de marca da Taste Invaders desde a abertura em Alvalade, em 2022. A política de refill também (é possível voltar a encher o copo duas vezes, imperiais incluídas). Entretanto, estreou um segundo restaurante nas Portas de Santo Antão que está a ganhar espaço enquanto sports bar e salão de jogos. E agora prepara-se, precisamente nessa morada, para um desafio olímpico. Entre 2 de Dezembro e 3 de Janeiro de 2026, quem pedir um combo na Taste Invaders do Coliseu dos Recreios vai ter direito a candidatar-se ao sorteio Never Ending Burger (se, com este título, começa imediatamente a ouvir a canção de Giorgio Moroder para Limahl nos anos 1980, e a imaginar um dragão branco de focinho canino, está na frequência certa). O prémio é um ano de hambúrgueres gratuitos, um por dia. Anda à roda a 4 de Janeiro. As regras são simples: um combo vale um cupão, não há limite de cupões por pessoa (até ao final da campanha, pode ir à Taste Invaders as vezes que quiser e submeter os cupões que quiser – ou conseguir). Mas é possível transformar cada combo em dois cupões em vez de um: “Para receberem um segundo cupão de participação é partilhar nas redes sociais a nossa publicação com info do concurso ou tirar uma fotografia no espaço e partilhar nos stories, marcando @tasteinvaders.pt e #TasteInvaders365”, lê-se na nota de divulgação. No fim, sorteado o vencedor, este terá direito a um “Passe Burger365”. Ou seja, um hambúrguer gratuito por d
Tascas, cafés, bares e gelatarias: Lisboa distinguida com 69 soletes

Tascas, cafés, bares e gelatarias: Lisboa distinguida com 69 soletes

A Galé dos Manos, em Benfica, As Bifanas do Afonso, na Baixa, A Viagem das Horas, em Arroios, ou a Conchanata, em Alvalade, são alguns dos espaços que receberam esta segunda-feira, 24 de Novembro, os soletes do Guia Repsol. A estreia desta distinção em Portugal, dirigida a “estabelecimentos que quase nunca figuram nos guias de restaurantes mais conhecidos”, como tascas, cafés, bares e gelatarias, aconteceu numa cerimónia em Lisboa, no Praça Beato, cerca de sete meses depois do regresso do guia a Portugal. Em todo o país, há agora 285 soletes, uma lista que será actualizada duas a três vezes por ano, segundo a organização. Lisboa é a cidade com mais referências: 69. Embora a região tenha mais uma vintena de espaços distinguidos – na Amadora, em Oeiras, Sintra e Loures há um cada concelho (Bogotá, Atelier Chef Miguel Oliveira, Casa Periquita e Solar dos Pintor, respectivamente); em Cascais, oito (Avó Maria, Cantinho das Lulas, Padaria do Miguel, Pastelaria Ribeiro, Quiosque Parque Morais, Quiosque Rocha do Inferno, Sacolinha e Santini); e em Mafra outros oito (Botão, Casa da Fernanda, Casa Gama, Fábrica das Trouxas, Gelatommy, Nonna Ada, O Pãozinho das Marias e Secret Oven). Do lado de lá do rio, encontram-se espaços distinguidos em Almada, com dois soletes (Condestável e Pastelaria Santo António), mais dois em Sesimbra (Bica no Campo e Formiga) e, mais a sul, um em Alcácer do Sal (A Papinha), outro na Comporta (Gulato) e outro em Grândola (3 Irmãs). Aumentando a distância, há
Wishbone, uma casa de sandes de alma japonesa e coração brasileiro

Wishbone, uma casa de sandes de alma japonesa e coração brasileiro

O Wishbone é um atlas. O ponto de partida é o Cais do Sodré, em Lisboa, no exacto sítio onde, sem motivo aparente e num golpe de magia onomástico, cartográfico e toponímico, a Rua de São Paulo passa a chamar-se Rua da Boavista. Nesse aspecto, poderia servir também de marco geodésico. Acontece que o que verdadeiramente importa está lá dentro, e não cá fora, e é lá dentro que estamos perante um atlas. Há um capítulo japonês, um português, um brasileiro, um britânico, um norte-americano e notas de rodapé de vários outros pontos do globo – e todos eles confluem para o frango frito que temos à nossa frente. Não é o mesmo que o Pow Chicks, por exemplo, que ainda recentemente visitámos. Aqui, dispensa-se o buttermilk (ou leitelho, em português) e aposta-se no frango frito de estilo japonês, o karaage. É uma receita que vem do extinto Dahlia, que ficava a umas dezenas de metros deste novo espaço, onde a cidade melhor conheceu a cozinha de Maurício Varela e onde o chef se cruzou pela primeira vez com Adam Purnell, do Reino Unido, e Hamish Seears e Harrison Iuliano, dos Estados Unidos, três dos cinco sócios desse listening bar de boa memória – e os três que agora se aventuraram no Wishbone com Maurício. O Dahlia fechou em Julho do ano passado, o Wishbone abriu a 1 de Julho deste ano. Pelo meio, o chef passou ainda pelo Santa Joana e não faltaram pop-ups para irem testando e aperfeiçoando a receita. “Funcionou bastante bem”, garante Maurício. Decidiram então investir num espaço focado s
Consolidado no Porto, o simplesmente… Vinho desce pela primeira vez a Lisboa

Consolidado no Porto, o simplesmente… Vinho desce pela primeira vez a Lisboa

O simplesmente… Vinho, que acontece no Porto desde 2013, vai finalmente viajar até Lisboa. Entre 22 e 23 de Novembro, poderemos provar na Praça do Beato “vinhos biológicos, biodinâmicos, naturais ou simplesmente honestos: brancos, tintos, rosés, laranjas, tranquilos ou espumantes, novos ou guardados”, produzidos por 48 pequenos produtores de todo o país (incluindo ilhas). Tal como a versão original, nortenha, terá chefs a tomar conta da carta de petiscos, arte e música – e um jantar pop-up na véspera. Comecemos por aí. O habitual jantar de antecipação acontece no Ciclo, com José Neves e Cláudia Silva a receberem dois convidados especiais: Lara Espírito Santo e George McLeod, do SEM. Casa bem com o conceito do evento, focado na produção consciente e tradicional, em pequena escala. O menu será acompanhado por 12 vinhos sinceros de três vigneronnes (Inês Sanches Afonso, Joana Pinhão e Teresa Caeiro) e três vignerons (Constantino Ramos, Álvaro Roseira e Manuel Valente). As reservas estão a cargo do Ciclo. No espaço do Beato Innovation District, além dos 48 vignerons, estará ainda a Flow Wine Van, um bar de vinhos ambulante que pudemos encontrar nos festivais durante o Verão e que traz a Lisboa “uma selecção de vinhos europeus de muitas latitudes”, adianta a organização. Para acompanhar, há petiscos de Zé Paulo Rocha (O Velho Eurico) e sandes de Leonor Godinho (Bibs) no sábado, e a “criatividade” de Maurício Varela (ex-Santa Joana, Wishbone) e a “estreia absoluta” de Arandu, um no
Durante uma semana, há 29 restaurantes da Avenida com menus especiais e descontos

Durante uma semana, há 29 restaurantes da Avenida com menus especiais e descontos

A Avenida da Liberdade pode ser um enigma na hora da refeição. Da distância e da inclinação entre uma ponta e outra ao receio de indigestão com uma conta demasiado pesada, escolher um sítio para almoçar ou jantar na mais exuberante rua de Lisboa deixa-nos muitas vezes paralisados. A Associação Avenida, que agrega lojas, restaurantes, hotéis, salas de espectáculos e serviços desta zona da cidade, decidiu dar uma ajuda e criou o Tasting Avenida, um roteiro gastronómico que serve não só para iniciados como para iniciantes. Estes podem, assim, experimentar tudo de forma controlada. O Tasting Avenida vai para a quarta edição, desta segunda-feira, 17 de Novembro, até domingo, 23. Durante uma semana, há 29 restaurantes com “menus temáticos, propostas gourmet, workshops, live cookings e descontos muito especiais”, informa a associação em comunicado. Estes restaurantes são muito distintos entre si e incluem algumas preciosidades, como o Eleven, o JNcQUOI Avenida, o Eliseu dos Leitões ou o Libertà, e novidades impactantes, como o Santa Joana, o Frou Frou e o Bougain Avenida. Mas também tem clássicos absolutos como A Gina e a Cervejaria Ribadouro. Ou ainda, para algo mais descontraído, as francesinhas do Dote e os hambúrgueres do Taste Invaders. Addiction, Praia no Parque, Mona Verde, Seen Sky Bar, Cervejaria Liberdade ou É Um Restaurante são outros dos espaços no roteiro. A lista completa e os detalhes dos menus e respectivos descontos e preços especiais estão no site da Associação Ave
No Pow Chick’s, todos os dias são dia da asneira

No Pow Chick’s, todos os dias são dia da asneira

Mais do que traiçoeira, a língua portuguesa é espirituosa. Afonso Torres recebe-nos no novo Pow Chick’s com um entusiasmo e uma energia contagiantes. Elogia o produto (uma carta à volta de frango frito), explica o conceito visual (os diners americanos dos anos 1950 e 60), cita clientes satisfeitos (“com 70 a 80 pedidos na Uber Eats”), adianta planos de expansão (atenção, Estoril), detalha o processo de reabilitação, as benfeitorias no prédio e no espaço público, a decoração, a música, a produção artesanal de néones, as visitas da antiga proprietária (“a amiga” Aurora, do Snack-Bar Pica-Pau, que ali ficava), a boa vizinhança com o Street Smash Burgers ao virar da esquina, e insiste na importância vital da consistência na operação. “É uma obsessão”, admite o brand manager, referindo que é por isso que, desde Julho, quando abriu, o número de erros no serviço se aproxima de zero. É aqui que está a graça: Afonso Torres quer evitar erros a todo o custo, a nós só nos apetece fazer asneiras. Asneiras no sentido dietético: grandes, suculentas e besuntadas. Sentados ao balcão, onde se alinham oito bancos altos e de onde vemos tudo a acontecer à excepção da fritura, damos por nós a pensar naqueles humanos obstinados, aqueles milagres da espécie que conseguem regrar-se e cumprir um regime alimentar equilibrado, saudável e criterioso na maior parte do tempo, e que têm reservado para uma ou outra vez o que designam de “dia da asneira”. Damos por nós pensar se o Pow Chick’s seria um bom sít
Lx Factory vai ter smash burgers de frango e tatuagens gratuitas na noite de Halloween

Lx Factory vai ter smash burgers de frango e tatuagens gratuitas na noite de Halloween

O Chickinho começou a entrar nas casas de Lisboa em 2018, a partir de Campolide. A estrela era o frango assado, churrasco de qualidade feito com aves do campo, que depois viajavam acondicionadas em embalagens de design chamativo. Correu bem – e a marca já vai em cinco lojas (mais o serviço de entregas). Mas a carta sempre teve outras opções: o burrito de frango, a popcorn chicken sandwich ou a salada caeser, por exemplo, estão lá desde o início. Agora, aproveitando a tendência, há mais uma: smash burger de frango. A novidade vai ser apresentada esta sexta-feira, 31 de Outubro, na loja da Lx Factory, entre as 18.00 e as 00.00. Sendo noite de Halloween, o Chickinho preparou uma festa temática para receber a debutante. Chamou-lhe Smash Invasion e terá convidados como o Buco, restaurante da Ericeira dedicado aos smash burgers com carne bovina. No final, virão necessariamente as comparações, mas durante o evento haverá mais para fazer do que tirar notas gastronómicas: fazer tatuagens gratuitamente inspiradas no tema da festa – invasão extraterrestre – e dançar ao som do DJ set de Luís Bordalo. “Estamos muito entusiasmados com esta criação e com este evento, que nos permite mostrar o potencial do frango num formato como o smash burger”, afirma Francisco Castelo Branco, sócio do Chickinho, citado em comunicado, que sublinha que esta é “uma proposta inédita em Portugal”. A mesma nota refere ainda uma parceria criada especialmente para esta noite, com os refrescos da Why Not, e anteci
Do branco ao arinto, do rosé ao tinto, estes são os melhores vinhos de Lisboa em 2025

Do branco ao arinto, do rosé ao tinto, estes são os melhores vinhos de Lisboa em 2025

Se gosta de vinho, há pelo menos dez que, se ainda não provou, vai querer provar. São os vencedores de cada uma das categorias do Concurso de Vinhos de Lisboa, que deu a conhecer a escolha do seu júri de críticos, especialistas e enólogos na passada sexta-feira, em Torres Vedras. Talvez os que venham a gerar mais interesse sejam o Adega da Vermelha Grande Reserva Branco, o AdegaMãe Terroir 2016 e o Romeira Rosé 2024, mas não faltam vinhos generosos, aguardentes vínicas, espumantes ou arintos. Com mais de 150 referências para avaliar, das diferentes denominações de origem da região de Lisboa, o painel de jurados atribuiu 45 medalhas, a maioria de ouro, mas também quatro “grandes medalhas de ouro” e sete de prata. Para quatro categorias (tinto, branco, arinto e leve), foi ainda divulgado um top-5. Adega da Vermelha, Cerrado da Porta e Casa Santos Lima são produtoras reincidentes, com mais de um vinho nestas listas.  “Este é um concurso que mais uma vez posiciona e valoriza a qualidade, a consistência, a diversidade e a identidade dos Vinhos de Lisboa, uma das grandes regiões portuguesas, expressão de um carácter atlântico único, cada vez mais reconhecido em Portugal e nos principais mercados de exportação”, afirma Carlos Fonseca, da organização, a ​​Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, citado num comunicado divulgado esta segunda-feira. Abaixo, encontra todos os vinhos premiados do Concurso de Vinhos de Lisboa, assim como as menções honrosas nas principais categorias. Peg